sábado, 12 de maio de 2012

Desvalorização pelos olhos de quem vê


            Durante nossas vidas passamos por tantas cobranças, que estamos sempre correndo atrás de mostrar que somos capazes e podemos resolver tudo, isto faz com que tentemos trabalhar sempre na hiperperformance, sempre tentando ser mais e mais rápido, mais completo, mais eficaz. Acaba faltando até tempo no dia para fazermos tudo que temos para fazer. E para que tenhamos tempo temos que acelerar, sermos mais rápidos para dar conta de tudo e isto se chama ansiedade.



            As cobranças estão tão impregnadas no nosso subconsciente o que torna difícil nos livrarmos delas. Queremos fazer tudo certinho e dar o melhor no trabalho, resolvendo o trabalho de três pessoas ou de um mês em um dia. Em casa queremos cuidar de todos e de tudo. Deixar a casa impecável e ainda cuidar dos filhos e todos que moram ali. Coitados daqueles que se acham “super homem” ou “super mulher”, que não conseguem dar um equilíbrio entre trabalho e casa e acabam por se exigir demais, mas o corpo um dia não vai mais aguentar e vai pedir ajuda, e ele virá em forma de sintoma. Mas aposto que você que é super não vai dar tempo para você, por que os outros vem sempre em primeiro lugar.

            Muitas vezes estas cobranças de si acabam sendo desencadeadas devido a não valorização, ou a desvalorização em algum momento da vida, ou em vários momentos da vida. Se formos fortemente desvalorizados, dentro de nós irá sempre aparecer uma voz dizendo que não somos capazes, que não iremos conseguir as coisas. Quando não estamos fortes dentro de nós e não nos valorizamos, fica mais fácil a cada situação de desvalorização, nos frustrarmos. E por isto, muitas vezes, tentamos dar o máximo de nós em tudo, para não sobrar nenhum erro, nada para que possa nos desvalorizar.

Estava atendendo um paciente que apresentava ansiedade, como um vínculo intenso com relação à busca pelo justo e correto. Naquele dia ele veio com sua esposa junto na sessão. Dentro da busca pelo seu sintoma encontramos algumas situações relacionadas a desvalorizações, em tom de injustiças, de início vinculada aos pais, e posteriormente a esposa. Mas uma situação me chamou a atenção: Encontramos nos mapas corporais, da Microfisioterapia, uma situação relacionada a uma desvalorização vinculada a sua esposa, como se ele se sentisse injustiçado por algo realizado por ela. Já havia ouvido muito sobre situações de traições ou desvalorizações por chefes ou professores, mas no caso dele foi outra história.

            Eles têm uma casa na praia, e naquela época o telhado da casa estava muito feio, precisando de uma reforma, e então, o paciente resolveu ir 15 dias mais cedo, para trocar o telhado, por um novo, para ficar mais bonito. Como a esposa dele não gostava de bagunça, ainda teve um esforço danado para limpar tudo para a hora que ela chegasse. Quando ela chegou, nem olhou para o telhado, entrou rápido e não falou nada, e segundo ele, ele não ficou nada feliz com esta atitude.

            Durante a sessão a esposa mais do que rápida pediu a palavra e foi logo contando o lado dela da história. Ela falou que chegou a casa com seus três filhos, todos pequenos, após 9 horas de viagem, com eles passando mal, fazendo com que o instinto materno prevalecesse, antes de tudo foi cuidar deles, dar banho, remédio, para depois fazer as outras coisas.

              Quantos de nós não nos frustramos impulsivamente, reagindo emocionalmente frente as situações, sem antes ver o lado da outra pessoa, do por que ela agiu daquela forma, ou falou daquele jeito. Estamos muitas vezes condicionados que as pessoas vão nos desvalorizar novamente, ou que vão brigar novamente, que não paramos para pensar no contexto geral da situação.

            Quando corrigimos as situações passadas e deixamos nosso subconsciente mais forte e menos suscetível emocionalmente, conseguimos ver com melhor clareza as situações do dia a dia e passamos a perceber e reagir com racionalidade, podendo observar toda a situação que esta acontecendo em volta e impedindo que reajamos impulsivamente sempre.

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